Você já se perguntou quem você realmente é? Não estou falando sobre seu nome, sua profissão ou suas realizações, mas sobre a essência mais profunda do seu ser. Este é o coração dos ensinamentos do renomado mestre espiritual indiano Ramana Maharshi.Além das identificações superficiais com o corpo, a mente e o ego, existe algo mais profundo e essencial que define quem você realmente é.
Neste artigo, vamos explorar os ensinamentos do mestre Bhagavan e descobrir como a prática da Autoindagação pode nos ajudar a desvendar essa verdade interior.
Bhagavan Sri Ramana Maharshi foi um dos mais influentes mestres espirituais do século XX. Ele nasceu em 1879, no sul da Índia, e é amplamente reconhecido como um dos grandes mestres do caminho da autoindagação e da busca pela iluminação espiritual. Após uma profunda experiência de iluminação aos 16 anos, ele deixou sua casa e se estabeleceu na montanha sagrada de Arunachala. Assim passou o resto de sua vida ensinando as práticas da auto indagação e da rendição.
Autoindagação e Rendição: Abordagens Simples e Poderosas
O Ser Iluminado ficou conhecido por sua abordagem simples e direta para a busca da verdade interior. Ele ensinava que a verdadeira natureza do ser humano é a consciência pura e imutável, e que a libertação espiritual pode ser alcançada ao se investigar minuciosamente a pergunta: “Quem sou eu?”. Ele acreditava que a presença silenciosa e tranquila era mais poderosa do que as palavras e encorajava seus seguidores a mergulharem na auto indagação e na observação silenciosa da mente.
Autoindagação (Atma Vichara)
A autoindagação é a prática de investigar profundamente a pergunta “Quem sou eu?”. Com uma transmissão de ensino silenciosa e não verbal, Maharshi instruia que, ao direcionar a atenção para dentro e questionar a natureza do eu, podemos descobrir nossa verdadeira identidade além do corpo, da mente e do ego.
A prática envolve a observação atenta dos pensamentos, emoções e sensações que surgem na mente, e questionar a quem essas experiências pertencem. Ao investigar a fundo, podemos perceber que o “eu” é uma consciência pura e imutável que está além das flutuações da mente.
Sendo assim, começamos a desidentificar-nos do ego e a reconhecer nossa verdadeira natureza como a consciência eterna. Através da auto indagação, podemos transcender o sofrimento e experimentar a paz e a plenitude do Ser.
Rendição (Bhakti):
A rendição, também conhecida como Bhakti, é a prática de entregar-se completamente a uma força superior, seja ela chamada de Deus, Consciência Universal ou qualquer outra denominação. Bhagavan ensinava que a rendição total é uma forma eficaz de transcender o ego e experimentar a união com o Divino.
Render-se envolve confiar plenamente na vontade divina e aceitar que tudo o que acontece em nossas vidas é parte de um plano maior. É deixar de lado o controle e a resistência, e abrir-se para a graça e a orientação do Divino.
A rendição nos convida a confiar no fluxo da vida e a nos render à sabedoria e ao amor divinos, permitindo que eles nos guiem em nossa jornada espiritual.
A rendição não é uma forma de passividade, mas sim um ato de coragem e entrega. É um convite para nos abrirmos para algo maior e confiarmos que estamos sendo guiados em direção à nossa verdadeira essência. Ao praticar, podemos encontrar um profundo senso de paz, propósito e conexão com o Divino e com o mundo ao nosso redor.
Tanto a autoindagação quanto a rendição são práticas complementares que podem ser realizadas em conjunto. A autoindagação nos ajuda a investigar a natureza do eu, enquanto a rendição nos ajuda a transcender o ego e nos conectar com algo maior do que nós mesmos. Sendo assim, lembre-se de que essas práticas podem ser pessoais e variar de acordo com as crenças e inclinações individuais.
A Escolha de Vida na Montanha Arunachala
A escolha de Ramana Maharshi de viver em Arunachala refletia sua profunda devoção espiritual e sua busca pela verdade última. A montanha sagrada associava-se ao Deus Shiva, assim, ele encontrou um ambiente propício para aprofundar sua prática espiritual, compartilhar seus ensinamentos e estabelecer um centro de peregrinação para buscadores espirituais.
O Legado de Bhagavan: “Quem sou eu?”
O legado de continua a inspirar pessoas ao redor do mundo. Seus ensinamentos sobre a auto indagação e rendição nos oferecem um caminho para transcender o ego, despertar para nossa verdadeira natureza e encontrar a paz interior. Veja algumas citações de seu livro “Quem Sou Eu”:
Bhagavan Sri Ramana Maharshi
“Se você obtiver a Paz do Ser, ela brotará sem qualquer esforço da sua parte. Quando não se é pacífico em si mesmo, como é que é possível partilhar a paz no mundo?”
Bhagavan Sri Ramana Maharshi
“Todos os seres desejam sempre a felicidade, uma felicidade sem qualquer traço de tristeza. Ao mesmo tempo, todos amam a si mesmos acima de tudo. A causa para o amor é só a felicidade. Assim sendo, essa felicidade deve residir dentro de nós mesmos. E mais, essa felicidade é experimentada diariamente por todos ao dormir, quando não há mente. Para atingir essa felicidade natural, temos que conhecer a nós mesmos. Para tal, a autoinvestigação ‘Quem sou eu?’ é a melhor maneira.”
Bhagavan Sri Ramana Maharshi
“Você pensa que só pode obter felicidade quando há contato com algo separado de você. Mas isso não é a verdade. Ananda [Beatitude] é a própria natureza do Ser. A felicidade que você obtém de outras coisas é parte da felicidade do Ātman, mas não é a felicidade completa. Enquanto um objeto externo for necessário [para a felicidade], a incompletude é sentida. Quando se sente que só o Ātman está lá, a felicidade permanente permanece.”
Bhagavan Sri Ramana Maharshi
“O corpo é a cruz. Jesus, o filho do homem, é o ego ou a ideia ‘eu sou o corpo’. Quando o filho do homem é crucificado, o ego desaparece e o que sobrevive é o Ser Absoluto. É a ressurreição do glorioso Ser, do Cristo – o filho de Deus.”
Bhagavan Sri Ramana Maharshi
Coloque em Prática…
Ao explorarmos sua vida e seus ensinamentos, convido você a embarcar em uma jornada de autodescoberta e a se reconectar com a essência divina que reside em nosso interior. Ao se tratar de práticas de autoconhecimento e espiritualidade, o maior aprendizado que se pode ter é colocar em prática toda a teoria. É viver a experiência.
Que as práticas da autoindagação e da rendição possam guiá-lo em sua própria jornada rumo à iluminação espiritual e à união com o Divino. Lembre-se de que a verdade de quem você é, está sempre presente, aguardando sua descoberta.
Quem sou EU?