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Lições da Natureza: Como Animais Controlam o Estresse

Já se viu exausto no final de mais um dia de estresse, cheio de prazos, pressa e irritações, enquanto seu cachorro está tranquilamente deitado no sofá?

Você dirige febrilmente preso no trânsito, com o coração acelerado e pensamentos frenéticos, imaginando o chefe gritando. Será que os pássaros voando lá fora também ficam estressados quando estão atrasados?

Pois é, nós e os animais reagimos de modo bem diferente ao estresse do dia a dia. Mas o que eles sabem que nós esquecemos?

Problemas e preocupações estarão presentes em  nossas vidas, mas não precisamos viver reféns deles. A natureza guarda segredos valiosos sobre como encontrar equilíbrio interior e lidar com os desafios diários de modo mais leve e tranquilo. Leia nosso artigo e entenda…

 Lições da Natureza: Como Animais Controlam o Estresse
Foto de sutirta budiman na Unsplash

Aprendendo com os Animais…

Enquanto nós, humanos, sofremos um aumento silencioso de sintomas e disfunções relacionados ao estresse da era moderna, nossos primos mais selvagens lidam com esse problema de modo muito mais eficaz. 

O neurocientista Robert Sapolsky explorou essas diferenças entre animais e humanos em seu clássico “Por que zebras não têm úlcera?”. Nele, Sapolsky mostra como nós, ao contrário dos animais, sofremos com disfunções relacionadas ao estresse crônico por reagirmos de modo desadaptativo aos desafios da vida moderna. 

Mas ainda podemos aprender lições essenciais sobre equilíbrio e resiliência observando nossos “primos” mais selvagens. “Animais selvagens não sofrem com úlceras, hipertensão e depressão causadas pelo estresse crônico”, afirma o neuroendocrinologista Robert Sapolsky. E quanto mais estudamos suas respostas ao estresse, mais podemos aprender.

Os segredos das zebras 

Zebras enfrentam ameaças constantes na natureza. No entanto, diferente de nós, elas não desenvolvem as mesmas consequências negativas do estresse prolongado. 

Isso ocorre porque os animais selvagens podem ligar e desligar suas reações ao estresse com muito mais eficiência. Quando confrontada por um leão, a zebra entra instantaneamente no modo de luta ou fuga. Sua frequência cardíaca dispara, a adrenalina corre solta, seu tônus muscular aumenta e ela escapa em disparada. 

Porém, assim que o perigo passa, seu corpo se acalma rapidamente. Não fica presa no modo “ameaça” por semanas ou meses, como nós, humanos, costumamos fazer quando estressados.

Lições Adaptativas ao Estresse

Nossa fisiologia do estresse ou cascata de defesa evoluiu para lidar com ameaças agudas, não para ficar ligada o tempo todo. Por mais de 200 mil anos, nossos ancestrais caçadores-coletores ativavam essas reações diante de predadores ou pela falta de comida. 

Quando o desafio passava, eles retornavam ao normal. Não precisavam se preocupar com hipotecas, trânsito, assaltos, entre outras preocupações cotidianas.

Enquanto nós, passamos grande parte do tempo imersos em estressores crônicos: ansiedade financeira, frustrações no trabalho, notícias alarmantes e expectativas irrealistas. É como se nosso corpo permanecesse sempre em estado de “ameaça” e nunca de “segurança”. Isso gera desequilíbrio e, quem acaba sofrendo, é o nosso corpo. 

Respostas Desadaptativas ao Estresse

Diferente dos animais, nós reagimos ao estresse prolongado de formas contraproducentes, como comer em excesso, abuso de álcool, insônia, procrastinação entre outras formas de fugir da realidade.

Inconscientemente, buscamos atalhos para nos sentirmos melhor. Mas essas respostas acabam piorando nosso estresse e saúde a longo prazo. Isso ocorre porque ficamos presos no “modo luta ou fuga”, governado pelo sistema nervoso simpático. Ele acelera os batimentos cardíacos, a respiração, libera adrenalina e cortisol. Já o sistema parassimpático, responsável pelo “modo descanso e digestão”, fica inabilitado. Precisamos reaprender a ativar nossa “calma interior parassimpática” para contrabalançar a “ansiedade simpática”.

Equilíbrio é Fundamental

Precisamos remodelar nossas vidas para ativar tanto nossas reações de “luta ou fuga” quanto nossas respostas de “descanso e digestão”. Isso significa aprender a trazer mais calma, lazer e propósito para nossos dias, assim como as zebras fazem.

Animais selvagens encontram esse equilíbrio naturalmente. Nós precisamos criá-lo intencionalmente, seja pela meditação, exercícios de respiração, terapias corporais, tempo offline, esportes, momentos de lazer ou simplificando nossas rotinas.

Lições Ancestrais

Nossos ancestrais viviam vidas mais alinhadas aos ritmos naturais. Passavam o dia em atividades essenciais como conseguir comida, construir abrigo e criar os filhos. À noite, descansavam profundamente. Essas atividades próprias da nossa evolução promoviam equilíbrio e resiliência.

Agora, grande parte de nossas tarefas diárias parece não ter propósito imediato. Nosso sono é fragmentado e pouco reparador. Precisamos voltar a viver de modo mais simples e significativo. Por exemplo, passamos cada vez mais tempo diante de telas, consumindo informações que raramente agregam algo relevante às nossas vidas. Em contraste, atividades significativas como criar laços sociais, aprender novas habilidades, expressar nossa criatividade ou simplesmente estar em contato com a natureza acabam negligenciadas. Precisamos reavaliar nossas prioridades diárias para criar mais propósito e significado.

Mantenha Tranquilidade Interior para Fugir do Estresse

Animais selvagens nos ensinam que controlar o estresse tem mais a ver com um estado mental do que com circunstâncias externas. Mesmo diante de ameaças, eles agem no momento presente.

 Como citado anteriormente, as zebras após fugir dos leões, retornam ao seu padrão natural de vida. Os animais possuem um benefício para casos assim, pois diferentemente dos humanos, não possuem certa racionalidade. Eles não ficam questionando ou racionalizando, “por que o leão me  mordeu?”, “por que isso só acontece comigo?”, “ah, eu sou um injustiçado”, “será que o leão não foi com minha cara?”. É sobre essa racionalidade, muitas vezes baseada em nossas “dores”, que pecamos em excesso. Isso aprisiona o nosso mental e nos deixa, cada vez mais, dentro do ciclo vicioso do estresse.

Nós podemos desenvolver essa habilidade de enfrentar nossos desafios com calma e lucidez. Em vez de reagir impulsivamente, podemos responder com sabedoria e leveza. Isso demanda tempo, experiência e treinamento. 

Cultivar nossas mentes por meio da consciência plena, compaixão e aceitação é tão importante quanto cuidar do corpo. A tranquilidade interior é a melhor proteção contra o estresse.

Equilibre-se aos Ritmos Naturais

Finalmente, precisamos sincronizar nossa biologia aos ritmos circadianos. Dormir quando escurece, acordar com o sol, comer quando sentimos fome e descansar quando cansados. Sei que pode ser difícil realizar ajustes como esses citados, mas tente se aproximar. Pelo menos regulando o seu sono. Será meio caminho andado.

Essas pistas naturais ditam nossos ciclos hormonais e metabólicos. Ignorá-las gera desregulação e mais estresse. 

Portanto, adote um estilo de vida mais próximo ao da natureza. A saúde e a felicidade dependem do equilíbrio entre esforço e tranquilidade. Lembre-se: calma é a melhor resposta.

Alinhe-se à Sua Sabedoria Natural

No fim das contas, controlar o estresse tem mais a ver com alinhar nossas vidas aos ritmos naturais e cultivar nosso equilíbrio interno do que com evitar todas as fontes de preocupação.

Portanto, da próxima vez que se sentir estressado, tente dar uma pausa. Respire fundo, vá para uma caminhada consciente ou apenas observe as nuvens passando como nossos primos animais. Lembre-se – você tem toda a sabedoria natural dentro de você para encontrar equilíbrio e paz.

Espero que este artigo tenha trazido novas reflexões sobre como podemos transformar nossa relação com o estresse e a ansiedade. Compartilhe conosco nos comentários quais insights mais te inspiram! Fique à vontade também para explorar outros posts e continuar esta jornada em busca de mais calma, propósito e alegria.

Referência:

  • SAPOLSKY, R. M. Porque as zebras não têm úlceras? São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

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