Imagine só: você toma aquela cerveja geladinha, mas sabia que o resto do grão usado na produção pode se transformar em um super alimento (e até te deixar com a pele maravilhosa)?
Pois é, pesquisadores descobriram uma forma inovadora de extrair proteína de alta qualidade a partir do bagaço da cerveja, popularmente conhecido como Brewers Spent Grain (BSG).
Esse resíduo do processo de fabricação da cerveja, geralmente descartado como lixo, esconde um enorme potencial. O novo método promete não só reduzir o impacto ambiental da indústria cervejeira, mas também contribuir para uma alimentação mais saudável e sustentável.
Proteína Vegetal Extraída da Cerveja: Uma Revolução Sustentável
A indústria cervejeira movimenta bilhões de dólares anualmente. No entanto, esse processo gera uma quantidade significativa de resíduos, incluindo o BSG. Este subproduto é composto principalmente por cascas de cevada, a parte do grão que resta após a extração do amido para a fermentação.
O estudo, liderado pela Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU) em Singapura, abre portas para um futuro mais sustentável e nutritivo. Afinal, além de reduzir o desperdício da indústria cervejeira, a proteína do BSG pode enriquecer a nossa alimentação e os nossos cuidados com a pele.
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Para que Serve a Proteína de BSG?
A proteína extraída do BSG possui alto valor nutricional, sendo rica em aminoácidos essenciais e segura para consumo humano. Suas aplicações são diversas e promissoras:
- Alimentos enriquecidos: A proteína de BSG pode ser incorporada em diversos alimentos, como barras de proteína, shakes, pães e massas, aumentando o teor proteico desses produtos. Isso é uma excelente notícia para atletas, vegetarianos, veganos e pessoas que buscam uma dieta rica em proteínas.
- Cosméticos naturais: A proteína de BSG também possui propriedades interessantes para a indústria cosmética. Graças ao seu alto teor de antioxidantes, ela pode ser utilizada em cremes, loções e outros produtos para a pele, auxiliando na hidratação, no combate aos radicais livres e na proteção da pele contra os danos causados pela poluição.
Além desses benefícios diretos, a utilização da proteína de BSG contribui para a sustentabilidade da cadeia produtiva de alimentos e cosméticos. Ao transformar um resíduo em um recurso valioso, a técnica reduz o desperdício e o impacto ambiental da indústria cervejeira.
Como Funciona a Extração da Proteína da cerveja?
O processo é bem interessante. Primeiro, os pesquisadores esterilizam o BSG e utilizam um fungo comestível chamado Rhizopus oligosporus, o mesmo usado para produzir o tempeh (um alimento à base de soja). Essa fermentação de três dias quebra a estrutura complexa do BSG, facilitando a extração da proteína.
Depois, o BSG fermentado é seco, moído e transformado em pó. Através de centrifugação, a proteína separa-se da mistura, flutuando na superfície. Prontinho! Essa proteína extraída pode ser incorporada em alimentos para aumentar o teor proteico, ou ainda, adicionada a cremes e loções para potencializar a hidratação e ação antioxidante.
O processo de extração da proteína da cerveja é relativamente simples e eficiente. Confira as etapas principais:
- Esterilização: Primeiramente, o BSG passa por um processo de esterilização para eliminar possíveis contaminantes.
- Fermentação: Em seguida, o BSG é fermentado utilizando um fungo comestível chamado Rhizopus oligosporus. Esse fungo ajuda a quebrar a estrutura complexa do BSG, facilitando a extração da proteína.
- Secagem, moagem e peneiração: Após a fermentação, o BSG é seco, moído em um pó fino e peneirado para remover partículas indesejadas.
- Centrifugação: Por fim, o pó resultante é submetido a um processo de centrifugação. Através da força centrífuga, a proteína é separada dos demais componentes do BSG.
Após a extração, a proteína de BSG está pronta para ser incorporada em alimentos ou utilizada na formulação de cosméticos.
Desafios e perspectivas para a Indústria da Cerveja
Apesar do enorme potencial da proteína de BSG, ainda existem alguns desafios a serem superados. É necessário realizar estudos clínicos para avaliar com mais profundidade os efeitos da proteína na saúde humana. Além disso, o processo de extração precisa ser otimizado para torná-lo economicamente viável em larga escala.
No entanto, os pesquisadores da NTU estão confiantes no futuro da proteína de BSG. A equipe já iniciou conversas com a Heineken Asia Pacific, para discutir a possibilidade de escalonar o método de extração. Além disso, estão previstas colaborações com outras empresas alimentícias, de bebidas e cosméticas para a implementação da tecnologia.
Conclusão
A descoberta da proteína de BSG extraída da cerveja é um marco importante na busca por soluções sustentáveis para a produção de alimentos e cosméticos. Essa inovação demonstra o potencial da ciência e da tecnologia para transformar resíduos em recursos valiosos.
A utilização da proteína de BSG contribui para a redução do desperdício alimentar, o desenvolvimento de uma alimentação mais saudável e a criação de produtos cosméticos sustentáveis. É um passo significativo rumo a um futuro mais verde e com maior segurança alimentar.
Fonte: Innovative Food Science & Emerging Technologies e Science Daily