Imagine um peixe com “ossos do quadril” ligados às costelas. Parece estranho, né? Mas esse é o caso do Tiktaalik, um peixe fóssil de 375 milhões de anos atrás, recém-reconstruído com detalhes impressionantes.
Cientistas descobriram que esse primo distante dos tetrápodes (animais com quatro patas) tinha uma inovação anatômica fundamental: suas costelas provavelmente se conectavam ao quadril. Essa adaptação é considerada crucial para o suporte do corpo e para a futura evolução da caminhada.
Tom Stewart, professor assistente de biologia no Eberly College of Science da Penn State, foi um dos líderes da equipe de investigação. A pesquisa também foi realizada por uma equipe de cientistas da Universidade de Chicago e da Academia de Ciências Naturais da Universidade Drexel.
Utilizando microtomografia computadorizada, eles obtiveram imagens detalhadas do esqueleto do Tiktaalik, revelando a conexão entre as costelas e o quadril. Essa estrutura, até então desconhecida em peixes, proporcionava maior estabilidade e suporte ao corpo, permitindo que o Tiktaalik se movesse de forma mais eficiente em ambientes aquáticos rasos.
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Antes do surgimento das pernas a partir das nadadeiras, o esqueleto axial (que inclui cabeça, pescoço, costas e costelas) do Tiktaalik já passava por mudanças que permitiriam a seus descendentes se sustentarem em ambientes aquáticos rasos.
Graças à microtomografia computadorizada, os pesquisadores puderam analisar minuciosamente os ossos do fóssil ainda incrustados na rocha. A nova reconstrução revelou essa conexão inédita entre costelas e quadril.
Os pesquisadores sabiam, por estudos anteriores, que o quadril do Tiktaalik era grande, assim como suas nadadeiras traseiras. Mas até agora, não tinham a ideia de como o quadril interagia com o esqueleto axial. O novo estudo e a reconstrução mostra, pela primeira vez, como tudo se encaixava e dá pistas de como a caminhada pode ter surgido.
A descoberta reforça a teoria de que a conquista da terra firme pelos vertebrados foi um processo gradual, com diversas adaptações anatômicas e fisiológicas acontecendo ao longo de milhões de anos. O Tiktaalik representa um elo crucial nessa cadeia evolutiva, fornecendo pistas sobre como os peixes se transformaram em animais terrestres.
Ao contrário do nosso quadril, onde os ossos se encaixam firmemente, a conexão do Tiktaalik era provavelmente feita por ligamentos, uma espécie de tecido mole. Segundo os autores do estudo, esse peixe tinha costelas especiais que se ligavam ao quadril por um ligamento. Isso é incrível!
O Tiktaalik tinha tantas características – nadadeiras traseiras grandes, quadril avantajado e conexão entre o quadril e o esqueleto axial – que foram fundamentais para a origem da caminhada. E embora provavelmente não estivesse andando em terra firme, com certeza fazia algo novo. Era um peixe capaz de se apoiar e impulsionar com suas nadadeiras traseiras.
Além da conexão entre costelas e quadril, a reconstrução também revelou detalhes da mobilidade da cabeça do Tiktaalik e da anatomia de suas nadadeiras pélvicas.
O fóssil de 375 milhões de anos do Tiktaalik é um verdadeiro portal para o passado, oferecendo-nos uma visão única sobre um momento crucial da história da vida na Terra.
A descoberta nos convida a imaginar um mundo em transição, onde os primeiros vertebrados ousaram explorar um novo e desafiador ambiente, abrindo caminho para a incrível diversidade da vida animal que encontramos hoje.
Fonte: PNAS
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